Por Ana Débora e Patrícia
Para autora Ilma Passos, em seu livro: “Didática: o ensino e suas relações”, ensino e aprendizagem são dois
termos que estão interligados entre si. Aborda questões importantes na vida do
aluno e do professor, mostrando como é de suma relevância os saberes que esses
indivíduos possuem. Cabe ao professor ser um mediador entre esses saberes. Para
que o ensino se torne significativo é preciso considerar as questões socioculturais
da escola, do aluno e do professor, além dos recursos didáticos disponíveis. Mas,
acima de tudo, a abordagem pedagógica e o comprometimento do educador fazem a
diferença, pois o mesmo precisa ser um questionador para com seus alunos,
motivando-os a interpretar sempre os seus conhecimentos e os conhecimentos do
outro. Assim, eles passam a ter uma visão mais consciente sobre suas próprias
descobertas e aprendem a refletir sobre a descoberta do outro, como nos
esclarece Veiga na citação abaixo:
Considerando que as ideias referidas pelo conjunto
de literatura didática tem sua importância se analisadas de forma criticas,
deixando de ressaltadas determinados fatores e condições, concordamos com os
autores que destaca a ação de ensinar como uma atividade de mediação pela qual
são providos as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos ativos
no processo de apropriação do saber sistematizado. Com base nessa concepção,
entendemos que a dinâmica ensino-aprendizagem deve caracterizar-se por situação
que estimulem atividade e iniciativo dos alunos e do professor; situações que
favoreçam o dialogo entre si e com o professor; ao mesmo tempo que valorizem o
dialogo com o saber acumulado
historicamente; situações que considerem os interesses dos alunos na
apropriação do conhecimentos, sistematizados e ordenados gradualmente de acordo
com a organização escolar. (VEIGA, p.110,2011)
Essa visão da autora vai de contra a visão de ensino e aprendizagem na
teoria tradicional de ensino, que diz que o docente era o centro do
conhecimento e que o autoritarismo tinha que ser uma relação constante em sala
de aula, além de afirmar que o discente não contribuía para nada com os seus
saberes. Veiga (2011) deixa claro que os
educadores tem uma grande responsabilidade de transformar os desafios de ensino
e aprendizagem no processo democrático, garantindo aos estudantes um espaço de
interação e troca de conhecimentos e assim acabar com o privilegio da classe
dominante que se destaca pela sua iniciativa e verbalização. Sobre essa
democratização do conhecimento a autora diz:
É
fundamental nessa interação que o professor assuma o papel de um interlocutor
mais experiente, contribuindo efetivamente para que todos os alunos,
indistintamente, consiga apropriar-se dos conhecimentos essenciais da etapa
escolar especificamente em que todos os se encontram,tendo consciência de que
cada momento de ensinar – aprender é um passo importante para a interiorização
do saber sistematizado, historicamente acumulado. (VEIGA, p.111,2011)
A professora cita a teoria sociointeracionista com a perspectiva de um
novo caminho a ser adotado no processo de superar a crise da escolarização. De
acordo com essa teoria, o indivíduo constrói seus saberes e afetividade na
interação com os outros sujeitos.
Do ponto de vista da teoria sociointeracionista, é fundamental uma dinâmica
dialética e didática no ensino e aprendizagem, por considerar os pontos
principais no processo de apropriação do saber. A dinâmica apresentada não tem
uma finalidade de mostrar uma verdade definitiva, mas induz os educandos a se
apropriar do conhecimento de forma efetiva. Dessa maneira vem se observando uma
pratica pedagógica diferenciada da predominante na escola. Assim,
A pratica pedagógica de fundamento sociointeracionista, por tanto,
mostra-se como um caminho para uma ação transformadora de ensinar e aprender.
Sob uma ótica vemos a relação professor – aluno de modo diferenciado da
concepção funcionalista que vê o mestre como direcionador da aprendizagem ação
pedagógico unilateral. (VEIGA,
p.112,2011)
Veiga conclui seu pensamento sobre ensino e aprendizado dando uma
contribuição à didática para melhorar a situação escolar, afirma que os
professores precisam de ações transformadoras em seu modo de ensinar e aprender,
para melhorar a sistematização da apropriação do saber.
A autora faz, no livro “Projeto
Político – Pedagógico da escola”, uma referencia ao compromisso com a valorização
da escola como um todo e dos seus educadores como profissionais e agentes de
mudanças, além da visão sociopolítica da educação voltada para a emancipação
humana. Na leitura dos textos a autora coloca alguns eixos temáticos
importantes para a organização e a construção do coletivo, da gestão da escola,
relação de poder e autonomia e entre fatores importantes para um bom
desenvolvimento e desempenho da escola. Sobre a relação entre gestão e escola
Veiga diz:
A gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas
postos pelas praticas pedagógicas. Ela visa romper com a separação entre
concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e pratica. Busca
resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores. (VEIGA,
p. 18, 2011)
Também trata da relevância de se resgatar a escola como um espaço aberto
para dialogar, debater e refletir.
A autora apresenta a escola com um lugar de concepção, realização e
avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessite organizar seu
trabalho pedagógico com base em seus alunos. Nessa perspectiva, é fundamental
que ela assuma suas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas
superiores tomem essa iniciativa, mas que lhe deem as condições necessárias
para levá-la adiante. Para tanto, é importante que se fortaleçam as relações
entre escola e sistema de ensino.
Sobre a autora:
Possui
Bacharelado e Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Goiás (1961), Licenciatura em Educação Física pela Escola Superior de
Educação Física de Goiás (1967), mestrado em Educação pela Universidade Federal
de Santa Maria (1973), doutorado e pós-doutorado em Educação pela Universidade
Estadual de Campinas (1988). É professora titular aposentada e pesquisadora
associada sênior da Universidade de Brasília. É professora do Centro
Universitário de Brasília. Tem experiência na área de Educação, atuando
principalmente nos seguintes campos: formação de professor, didática, educação
superior, docência universitária e projeto político-pedagógico.
Principais Obras de Ilma Passos:
- Lições de Didática (Papirus, 2006)
- Docentes Universitários aposentados: Ativos ou Inativos (Junqueira, 2007)
- Didática: O Ensino de sua Relações (Papirus, 1997)
- Profissão Docente – Novos Sentidos, Novas Perspectivas (Papirus, 2005)
- Técnicas de Ensino: Novos Tempos, Novas configurações (Papirus, 2004)
- Caminhos da Profissionalização do Magistério (Papirus, 1998)
- Projeto Político-Pedagógico da Escola: Uma construção possível (Papirus, 2005)
- Técnicas de Ensino: Por que não? (Papirus, 1991)
Referências:
books.google.com/
VEIGA, Ima Passos Alencastro. (Org) – Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. –
Campinas, SP – Papirus – 1995 – 29º Edição 2011.
VEIGA, Ima Passos Alencastro. (Org) – Didática: ensino e suas relações. – Campinas, SP – Papirus – 1996 –
18º Edição 2011.
Está faltando Libâneo aqui nesse blog
ResponderExcluirAmei a explicação dessa forma, linguagem simples e acessível para um melhor entendimento já que o livro fala de uma forma técnica.
ResponderExcluirInteressante, adorei.
ResponderExcluirIlma Passos sempre me surpreende. Cada vez que leio seus textos, tenho um encontro com diversos conhecimentos. A autora é simplesmente minha favorita.
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