Por Cíntia Rosa e Tamara Almeida
A
educação é um processo continuo fundamental para a humanização e socialização
do homem, pois supõe a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se
renova e o homem faz história. Portanto faz parte da construção do indivíduo.
No intuito de dialogar criticamente a teoria
da educação brasileira, Moacir Gadotti analisa as varias tendências
pedagógicas, inspirando-se nas ideias de Paulo Freire, para a construção de
suas concepções de escola, ensino e aprendizagem. Conforme Gadotti (2004, p.44):
Ser fiel a Paulo Freire significa, antes de
mais nada, reinventá-lo e reinventar-se com ele. Nisto consiste a superação na
dialética: não é nem cópia nem a negação do passado. É a sua transformação, a
conservação do que há de fundamental e original nele, a elaboração de uma nova
síntese qualitativa.
Para ele, a escola trata-se de um
espaço físico para o exercício de uma educação gerenciada, que acaba por
expropriar o poder comunitário e impor a "Totalidade do saber
necessário". Dentro de uma proposta progressista, enfatiza não só a
democratização de oportunidades de ensino, como também supõe que o próprio
trabalho exercido na escola seja democrático, dentro da pedagogia libertadora,
voltada para a conscientização da opressão e a consequente ação transformadora.
Portanto cada espaço escolar tem sua história, única, envolta em traços
culturais da comunidade em que esta inserida, favorecendo a construção da
própria identidade. Neste espaço, encontra-se gente: professores educadores estudantes,
sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, atores e autores na construção
de saberes significativos ou apenas expectadores e meros reprodutores de
conceitos pré definidos.
Gadotti afirma que: "A
escola precisa ser reencantada, encontrar motivos para que o aluno vá para os
bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com
gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito que
isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para se dar um salto.
Se o mal-estar for trabalhado, ele permite um avanço. Se for aceito como uma
fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que arrasta as
pessoas e as impede de sonhar, pensar e criar". O autor propõe uma
inovação no pensar dos educadores e gestores, além do incentivo à criatividade
e a uma escola mais próxima da realidade dos alunos. Uma escola não excludente
e sem divisão de classes. Gadotti faz ainda um balanço das principais teorias
pedagógicas, o autor afirma essa posição em sua obra.
Hoje
vivemos num mundo dominado por aquilo que a ideologia dominante chama de
“progresso tecnológico”, resultado da exploração física e psíquica de milhões
de homens, da domesticação de seus corpos e suas mentes. O “progresso”
sequestra a identidade pessoal e a cultura de todos os que não pertencem à
classe dominante. (GADOTTI, p. 73, 2004)
A democratização da educação, não com a velha ideologia do “escola para todos” que não abrange todo o problema da exclusão dos “menos favorecidos” e sim, uma escola que abriga todas as classes e histórias de seus alunos. Professores que mantém acesso seu amor pela arte de educar. Instituições preparadas para o novo, não apenas tecnologicamente, mas tendo em mente as individualidades de cada estudante, sua história de vida, sua realidade.
Concluindo
sua obra “Pensamento Pedagógico
Brasileiro”, um apanhado de vários pontos de vista e opiniões de estudiosos
de pedagogia e educação, o autor fala da dificuldade que é ainda intrínseca
àqueles que estão envolvidos no que chamamos “educação brasileira” têm de se
inovar e abandonar as “velhas práticas” conservadoras. Existe um progresso
gradativo na visão do que é educar, mas são ainda pequenos passos. Ainda
persiste a política para as classes dominantes, além da marginalização do que é
fora do convencional, precisa-se ser entendido que:
O
“saber escolar” não está embalado e estocado em depósitos e guardado pela
polícia da classe dominante. Por isso, a aprendizagem não pode ser entendida
como simples depositar de informações, mas como uma construção coletiva. (GADOTTI,
p. 141, 2004)
Sobre
o autor:
Livre
docente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 1986) e doutor em
Ciências da Educação na Universidade de Genebra (Suiça, 1977). Mestre em
Filosofia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP,
1973). Licenciado em Pedagogia (1967) e em Filosofia (1971). Professor
aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Foi
professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e
pós-graduação em Educação e Filosofia de diversas instituições, entre elas a
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a Universidade Estadual de
Campinas e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Foi assessor técnico
da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (1983-1984) e Chefe de gabinete
da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo (1989-1990), na
gestão de Paulo Freire. Atualmente é presidente do Conselho Deliberativo do
Instituto. Possui um grande número de publicações em que desenvolve uma
proposta educacional cujos eixos são a formação crítica do educador e a
construção da Escola Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação
e orientada pelo paradigma da planetariedade.
Principais
obras de Moacir Gadotti:
·
Pedagogia: diálogo e conflito. (Cortez, 1985)
·
Educação e compromisso. (Papirus, 1985)
·
Educação e poder. (Cortez, 1988)
·
Marx: Transformar o Mundo. (FTD, 1989)
·
Histórias das Idéias Pedagógicas (Ática,
1993)
·
Pedagogia da Práxis (Cortez, 1995)
·
Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996)
·
Perspectivas Atuais da Educação (Artmed,
2000)
·
Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000)
·
Os Mestres de Rousseau (Cortez, 2004)
·
Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com
sentido (WTC Editora, 2007)
·
Educar para um Outro Mundo Possível
(Publisher Brasil, 2007).
Referências:
GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico
brasileiro. 8ª ed. rev. e ampl. - São Paulo: Ática, 2009
Acredito que querias dizer: "mantêm" (professores que mantém...)e "aceso" (mantêm acesso pela arte de educar.)
ResponderExcluirAcredito que querias dizer: "mantêm" (professores que mantém...)e "aceso" (mantêm acesso pela arte de educar.)
ResponderExcluirAcredito que querias dizer: "mantêm" (professores que mantém...)e "aceso" (mantêm acesso pela arte de educar.)
ResponderExcluirMuito bom texto. Obrigada.
ResponderExcluirMuito bom texto. Obrigada.
ResponderExcluirMoacir Gadotti é inspiração pra mim enquanto professor de escola pública e cidadão.
ResponderExcluirÓtimo texto! claro objetivo e simplificado.
ResponderExcluirLinda e muito reca de conhecimento esse blog.
ResponderExcluiramei
gostei muito construtivo.
ResponderExcluirÓtimo texto! Mto objetivo!
ResponderExcluirPRECISO DO CONTATO DO PROFESSOR MOACIR GADOTTI PARA CONVIDÁ-LO PARA PALESTRAR
ResponderExcluirPor gentileza, queria um artigo da Professora Isabel Maria Sabino Farias
ResponderExcluirO que é preciso para se fazer uma filosofia da educação não-pedagógica?
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